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AO AMIGO THEO...FAZ FAVOR

AO AMIGO THEO...FAZ FAVOR

| Tonet | Blog

Tonet por Tonet

Tonet por Tonet

Filho de D. Tiola, natural de Ibicaraí, mas com os pés assentados definitivamente em Itabuna, o dr. Theovaldo Araújo era unanimidade tanto no meio dos seus colegas como entre os seus amigos. Um cardiologista que sabia como ninguém tratar das coisas do coração. Sua técnica era sua criteriosa dedicação e atenção ao paciente. Quem entrava naquele consultório da Polimed, ali na Beira-Rio, saía satisfeito e agradecido. E sempre voltava. Usava a psicologia como ferramenta indispensável ao tratamento. Um médico das antigas, que olhava nos olhos do paciente. Que conversava, perguntava, questionava, orientava, analisava, diagnosticava, receitava e tinha sempre uma palavra de otimismo, de boas perspectivas, de esperança. Nem me lembro quando e como nos conhecemos, mas ficamos mais ligados quando ele foi secretário de Turismo do governo Fernando Gomes, no final da década de 80. Curtimos bons carnavais (ainda no tempo que a folia era na Beira-Rio) inclusive num deles com Moraes Moreira; e um São João, com Elba Ramalho. Ao lidar com artistas desse nível mostrou seu outro lado e sua competência. Um médico diferenciado culturalmente bem informado que amava a poesia e nos deliciava com versos de Fernando Pessoa e Florbela Espanca. Declamava-os divinamente. Daí, o seu apelido de cardiopoeta. Acompanhei seus dois últimos casamentos e via sua felicidade ao se sentar rodeado de seus filhos e compartilhar com eles momentos de pura alegria e cumplicidade. Mais adiante voltamos a nos encontrar na Turma do Kibe, onde nos almoços de sábado ele era um dos mais pontuais. Pensava comigo mesma que ele iria sair dessa. Que ainda iriamos compartilhar da sua amizade, da sua incrível capacidade de reunir amigos para uma prosa leve e saudável. Mas, deu tudo errado. O mesmo vírus que atingiu seu filho Marcos foi letal com ele e o levou a óbito neste sábado, dia 22. Justamente, num sábado dos nossos encontros, que agora deram uma parada por conta dessa pandemia que tem ceifado a vida de amigos e de entes queridos. Quando a gente perde um amigo perde também o chão. A morte de Theo me deixou profundamente angustiada e emocionada. A sua generosidade, o seu modo de encarar cardiopatias, o seu jeito de ser e viver sem estrelismos, com humildade e sem maldade, nos deixa uma grande legado. A sua ausência vai fazer falta no meu coração que ele sempre tratou com carinho e o fez pulsar até hoje.

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